quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

ENCONTRO POLÍTICA CULTURAL EM PRESIDENTE PRUDENTE

Amig@s, o Galpão da Lua convida @s artistas e demais interessad@s para debater a política cultural em nosso município.
Venha para este encontro, participe, opine, discuta propostas que são importantes para você e para toda a população.

Quando? Dia 15/2, quarta-feira, às 20 horas.
Onde? Galpão da Lua.



A seguir, as nossas provocações a respeito do tema.

A divergência política e o contraditório são os fundamentos da democracia. Sendo assim, o coletivo cultural do Galpão da Lua realizará um encontro para debater a política de cultura vigente em nosso município e pensar que outra política é possível.

Desde o seu surgimento, a Secretaria de Cultura do Município de Presidente Prudente vem sendo dirigida por uma mesma pessoa que conferiu à pasta uma gestão bastante personalista e impeditiva quanto à construção de políticas públicas.

Um fato recente, a reforma do centro de eventos IBC, exemplifica bem o que é imperativo na política vigente na secretaria. Essa obra consumiu aproximadamente 3,5 milhões de reais provenientes dos cofres municipais. No entanto, na mesma gestão em que a obra foi realizada, nenhum centavo foi destinado ao fomento de projetos culturais de grupos e coletivos da cidade.

Cabe perguntar, quem decidiu gastar tanto dinheiro numa obra: a classe artística? Se não, quem são os interessados? Façamos o exercício de imaginar, com esse montante de dinheiro, o que poderia ser realizado em políticas públicas culturais para o município! Quantas ações, quantos projetos para o bem comum da população!

Não é demais lembrar, também, que a dita obra foi bastante criticada por arquitetos e urbanistas da cidade que a consideraram uma agressão àquele patrimônio histórico e ao seu entorno.

Esse fato é capítulo que ilustra a existência de uma política voltada exclusivamente para a realização de (grandes) obras e eventos. Inegavelmente, é isso que tem consumido, ano a ano, o orçamento dessa secretaria e seus recursos humanos, além do funcionamento do Centro Cultural Matarazzo e de sua própria estrutura.

Façam as contas e descubram onde mais o orçamento para a cultura é gasto. Não há novidades! E isso diz muito sobre a política de cultura do município.

Não há nenhuma proposta clara, concreta, para fomentar a cultura, as artes e para formar e fortalecer seus sujeitos culturais e promover a democratização e diversidade do bem cultural em nossa cidade.
O que assistimos, agora, é apenas uma (necessária) renovação do discurso, que serve para esconder a real política vigente na secretaria.

Aliás, esse tem sido o estratagema histórico das elites frente aos problemas e reivindicações sociais, sobretudo nos momentos de crise. Como a intenção é não fazer nada de concreto, então, o que elas fazem é renovar o discurso, prometer, mostrar planos, propagandas e, assim, reduzir desgastes, cooptar, dissimular reações e criar um ambiente favorável para dar continuidade aos verdadeiros projetos (nunca explicitados).

Precisamos saber que existem outros consensos, outros pensamentos, (outra política) que nunca encontraram no poder público municipal interlocução, o que atesta sua total falta de compromisso democrático e com políticas públicas.

Portanto, nesse momento, soa mais que falso ouvir que a secretaria está mostrando a “nova cara da Cultura” e que finalmente está pronta para ouvir e debater, com a classe artística e a comunidade em geral, toda e qualquer proposta cultural.

Como já disse Barão de Itararé: “De onde menos se espera é que não sai nada mesmo”.

Pela controvérsia: Conselho de Cultura. Já foi atuante. Quando foi presidido pela professora Ruth Künzli, os conselheiros e as conselheiras iniciaram um franco processo de formulação de propostas de políticas públicas para a cultura no município, mas esse conselho foi dissolvido pela secretaria (que declarou que ele não existia!) e a partir de então um novo conselho tomou posse. Esvaziado como espaço de política, este se tornou um conselho fantasma, sempre presidido por um “chapa branca” e sem publicidade de seu trabalho. Em sua última reformulação, dentro da Lei do Sistema Municipal de Cultura, foi confirmado o papel consultivo e não deliberativo da política da secretaria, o que contraria, inclusive, a orientação do Sistema Nacional de Cultura (SNC). Plano Municipal de Cultura. O plano é um requisito do SNC, mas a secretaria nunca levou a sério essa política que indica ampla participação da sociedade civil. As ações relacionadas ao plano e ao próprio SNC sempre foram encaminhadas em períodos eleitorais, servindo à propaganda política. O Plano Municipal de Cultura, que será apresentado em breve, surge do vazio, mas como elemento chave (ideológico) de renovação de discurso. Esse plano é o que na academia chamam de “plano de papel”, “plano de gaveta”, e não é difícil perceber que sua elaboração acontece mediante o desprezo de agentes e experiências culturais significativas no município. O plano pode até ser apresentado em papel bonito e bem escrito, mas não passará disso. Cabe lembrar, ainda, que o Plano surge sem que a secretaria tenha cumprido o Protocolo firmado com o Ministério da Cultura de implantação do Sistema Municipal de Cultura, do qual é parte integrante, mostrando total desrespeito ao seu cronograma e metodologia. GirArte. Programa lançado pela secretaria em 2012, que foi abandonado após a primeira edição. Seu edital apresentava problemas técnicos e o aporte de recursos para os projetos era insignificante. O programa nunca foi avaliado e não existe qualquer informação de seus resultados, apenas um número X de projetos realizados, mas sem qualquer publicidade. O fracasso desse programa pode ser explicado por uma concepção distante das demandas concretas e realidades dos sujeitos culturais da cidade. E, neste momento, a ideia do GirArte ressurge das cinzas, depois de uma única edição e cinco anos de esquecimento, apresentado como um programa bem-sucedido da secretaria. Pasmem!