segunda-feira, 22 de junho de 2015

Um ano sem Lua - 27 de junho: Tomada do Brasil pelas Artes Públicas - Dia da Lua contra a Violência Policial






Dia 27 de junho faz 1 ano que Luana Barbosa foi assassinada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo. Lua não é um caso isolado, com ela pelo menos outras 815 pessoas foram mortas por policiais militares no Estado de SP em 2014. 
Só nos três primeiros meses deste ano já foram 185 mortos em “confrontos” com a polícia militar. São números crescentes e inaceitáveis, sobretudo porque se sabe que a maior parte dessas mortes poderiam ser evitadas. 
Também chama a atenção que quase 100% das mortes causadas por policiais militares tem seus processos arquivados, ou seja, não há investigação, e que quase sempre as vitimas são jovens, negros e pobres da periferia. 
A própria Ouvidoria das Polícias do Estado admite que a polícia militar mata sem precisar e que praticamente não há a investigação desses crimes, prevalecendo a impunidade.
O coletivo do Galpão da Lua irá promover uma série de atividades neste dia 27 com o objetivo discutir a violência policial e a necessidade de desmilitarização da polícia.

Confira a programação:

10h - Espetáculo Blitz (Trupe Olho da Rua - Santos SP)
11h - Ato Artístico Nossos Mortos Tem Voz.
Local: Calçadão - Praça 9 de julho

17h - Debate - Violência Policial e Direito à Verdade - Com Mães de Maio.
20h - Espetáculo - A Confissão de Leontina (com Erika Moura - São Paulo)
Local: Galpão da Lua.

Movimento MM
Sobre as MÃES DE MAIO:  Reune familiares de vítimas de violência do Estado, mais especificamente pessoas mortas pela Polícia Militar de São Paulo. No ano de 2006, policiais e grupos de extermínio ligados à Polícia Militar promoveram o assassinato de 562 pessoas: mais de 400 jovens negros, afro-indígena-descendentes e pobres. A imensa maioria delas executadas sumariamente, no intervalo de pouco mais de uma semana, configurando o episódio que ficou conhecido como os “Crimes de Maio”.

Trupe Olho da Rua - Blitz
Sobre o espetáculo BLITZ (Trupe Olho da Rua - Santos SP): Seguindo a ordem e o progresso nacional, nada mais (in)conveniente que passar por uma BLITZ (do alemão blitzkrieg, “guerra-relâmpago”, ou ataque repentino), ou ter seus direitos violados pelo Estado. A opressão que o brasileiro vive hoje nas ruas, seja em meio a manifestações ou indo comprar pão na esquina é levada de forma satírica e mordaz pelo grupo, seja suscitando a discussão sobre a desmilitarização da polícia e o exacerbado militarismo como resquício do período ditatorial ou como diria Brecht "um grande divertimento quanto aos tempos de barbárie."
 

A confissão de Leontina
Sobre o espetáculo A CONFISSÃO DE LEONTINA (com Érica Moura). O espetáculo tem direção do ator paulistano Marat Descartes, que recentemente recebeu o Prêmio Shell 2006 de Melhor Ator por sua interpretação no teatro do romance "Primeiro Amor", de Samuel Beckett. O monólogo retrata uma realidade muito brasileira: uma menina pobre, Leontina, nascida numa pequena cidade do interior (de nome sugestivo, Olhos d´Água), que foge para a cidade grande. Pouco letrada e sem ninguém no mundo para se preocupar com ela, trabalha como dançarina de aluguel. Sofre as agruras da metrópole, até parar atrás das grades, de onde ela passa a narrar sua trajetória.

Neste mesmo dia, em diversos locais do pais, vai acontecer Ato com a participação da Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR que por meio dos seus articuladores definiu este dia como Dia Nacional da Tomada do Brasil pelas Artes Públicas e Contra a Violência Policial.
(Ver mais: http://rbtr.com.br

Para o diretor de teatro e teatrólogo Amir Haddad, que participa da RBTR e é natural da mesma cidade de Lua Barbosa, Rancharia-SP,  neste dia  “Nós somos as forças desarmadas da população”. 




Texto escrito por Lua Barbosa em 04/05/2014, intitulado por ela: Projeto Viver!

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Julgamento do caso: A Justiça Militar absolveu o policial que matou Lua Barbosa da acusação de homicídio culposo. A partir da investigação da Polícia Civil o Ministério Público fez a denúncia de homicídio doloso e a Vara do Juri de Presidente Prudente aceitou. Como já transcorreu o processo e julgamento na Justiça Militar, o caso foi parar no Supremo Tribunal de Justiça – STJ que agora precisa decidir sobre o conflito de competência entre a Justiça Militar e a Vara do Juri. A decisão será do ministro Gurgel de Faria. As outras denuncias de adulteração e ocultação de provas, ainda não foram investigadas.

Mais informações:
http://federacaoprudentinadeteatro.blogspot.com.br/2015/03/para-justica-militar-assassinato-nao-e.html